Jesus anda sobre as águas
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Jo 6,16-21) - Ao anoitecer, os discípulos de Jesus desceram ao mar, entraram no barco e partiram em direção à outra margem do mar, em direção a Cafarnaum. Já estava escuro e Jesus ainda não havia chegado até eles; o mar estava agitado porque soprava um vento forte. Depois de remar cerca de cinco ou seis quilômetros, eles viram Jesus caminhando sobre o mar e aproximando-se do barco, e ficaram com medo. Mas ele lhes disse: «Sou eu, não tenham medo!». Então quiseram levá-lo para dentro do barco, e imediatamente o barco tocou a costa para onde se dirigiam.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Jesus, depois da multiplicação dos pães, vendo que a multidão queria fazê-lo rei, foge sozinho para o monte. Os discípulos, sozinhos, pegam o barco e dirigem-se para Cafarnaum. Eles voltam para casa. Era noite, nota o evangelista. Não tanto por causa do tempo, mas por causa da ausência de Jesus e, além disso, o lago está agitado. É uma cena que simboliza as inúmeras tempestades que surgem na vida de todos. E que sempre nos acham assustados e assustados. O sofrimento nos confunde, os desastres naturais nos deixam sem palavras, como aconteceu na recente pandemia. Às vezes, o abismo do mal que parece tomar conta dos homens nos assusta e nos deixa em dúvida e com pouca esperança para o nosso futuro e o do mundo. Na verdade, Jesus não está longe, mesmo nos momentos mais sombrios e dramáticos. Jesus continua a “caminhar” ainda hoje sobre as águas tempestuosas da história humana, entre as ondas e as dúvidas que nos assaltam e que também tornam a vida triste e difícil. Na realidade, somos nós que o esquecemos ou, pior, que lhe escapamos, como aconteceu naquela noite com os apóstolos. O evangelista escreve que “viram Jesus caminhando sobre o mar e aproximando-se do barco, e tiveram medo”. Quantas vezes também nós, em vez de nos deixarmos consolar e tranquilizar pelo Evangelho e pelos irmãos, preferimos ficar sozinhos com o nosso medo! Afinal, o medo é um sentimento tão natural e espontâneo que parece ainda mais “nosso” do que a proximidade do Senhor. A verdade, felizmente, é diferente: o amor de Jesus por nós é mais forte que o nosso medo. Mesmo que às vezes prefiramos agarrar-nos ao barco das nossas seguranças ilusórias, acreditando orgulhosamente que sozinhos conseguiremos dominar cada furacão da vida, Jesus aproxima-se e diz-nos também: “Sou eu, não tenhas medo”. São as boas palavras que Jesus continua a repetir aos seus discípulos cada vez que o Evangelho é anunciado. A segurança do discípulo não se baseia na sua força ou experiência, mas na confiança no Senhor. É o Senhor que vem em nosso auxílio, que entra no nosso barco e nos conduz ao porto seguro.