Eu como luz vim ao mundo
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Jo 12,44-50) - Naquele momento, Jesus exclamou: «Quem crê em mim, não crê em mim, mas naquele que me enviou; quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que quem acredita em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o condeno; porque não vim para condenar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o condena: a palavra que eu falei o condenará no último dia. Pois eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou ordenou-me o que falar e o que deveria dizer. E eu sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, as coisas que digo, digo-as exatamente como o Pai me disse”.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

O Evangelho mostra-nos Jesus ainda no Templo enquanto fala abertamente da sua missão. Com efeito, ele grita-o, recordando assim a força dos profetas: «Quem crê em mim não acredita em mim, mas naquele que me enviou». Jesus apresenta-se não apenas como enviado do Pai, mas é um com Ele. Ele nos leva ao próprio coração da mensagem evangélica. Ele veio ao mundo como a verdadeira luz que revela o mistério do amor escondido em Deus. Finalmente, o Filho nos revelou: "Eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou, ele mesmo me ordenou o que devo fazer?" tenho que dizer e anunciar." Jesus, exegeta de Deus, explica-nos o amor do Pai. O Criador do céu e da terra quer a salvação de todos os homens, eles são seus filhos. Quem escuta as palavras do Filho é salvo, enquanto quem não as escuta ou as rejeita será condenado. Trata-se de escutar e salvaguardar a palavra evangélica, isto é, acolhê-la e colocá-la em prática, como disse no final do Sermão da Montanha. Jesus fala para salvar, não para condenar. Ele não despreza nem o pavio que mal fumega e corre o risco de sair para respirar, nem a cana rachada que corre o risco de quebrar a qualquer momento. Na verdade, a verdadeira condenação não vem da Palavra de Deus, mas da pouca fé que nela depositamos: não acreditamos que ela possa mudar os corações, que possa gerar novos sentimentos e ações. “Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o condena: a palavra que eu falei o condenará no último dia”: mais do que uma condenação é uma observação. Com efeito, se não acolhermos a Palavra de Deus e não a tornarmos viva, como poderá Ele guiar-nos, curar-nos, tornar-nos felizes? Estaríamos condenados a ouvir apenas a nós mesmos e a permanecer prisioneiros do nosso pequeno horizonte. Ao passo que, se ouvirmos o Evangelho de Cristo, somos introduzidos no próprio mistério de Deus: “As coisas que digo, digo-as como o Pai me disse”. Existe como uma cadeia descendente de amor: o Pai comunica a verdade do seu amor ao Filho, e o Filho, por sua vez, comunica-o a nós. Cada vez que ouvimos a Palavra de Deus e nos aproximamos da Eucaristia somos acolhidos no mistério da comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Senhor se rebaixa até nós para nos tornar semelhantes a Ele.