Elias já veio e não o reconheceram
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Mt 17,10-13) - Ao descerem do monte, os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que então os escribas dizem que é necessário que Elias venha primeiro?” E ele respondeu: «Sim, Elias virá e restaurará tudo. Mas eu vos digo: Elias já veio e não o reconheceram; na verdade, eles fizeram com ele o que queriam. Portanto, o Filho do Homem também terá que sofrer nas mãos deles”. Então os discípulos entenderam que ele lhes falava de João Batista.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

A passagem evangélica relata o breve diálogo que ocorreu entre Jesus e os discípulos após a transfiguração, ao descerem do Monte Tabor. A conversa centra-se num dos protagonistas da visão, o profeta Elias. Os discípulos estavam cada vez mais convencidos de que Jesus era o Messias. Os escribas, porém, continuaram a afirmar que Elias teria de vir antes do Messias. De facto, no livro do profeta Malaquias está escrito: «Eis que enviarei o profeta Elias, antes que chegue o grande e terrível dia do Senhor: ele converterá os corações dos pais aos filhos e os corações dos os filhos para com os pais, porque, quando eu vier, não ferirei a terra com extermínio” (Mal 3,23). Jesus confirma esta profecia aos seus discípulos, mas explica que Elias já veio. E sofreu o mesmo destino que o Filho do homem terá de sofrer: as pessoas não o reconhecem, antes rejeitam-no, fazendo dele “o que queriam”. Os discípulos acreditam que Jesus falava do Baptista, mas na realidade falava do destino que o esperava. Todo crente precisa de um profeta que o prepare para acolher o Senhor que vem. O evangelista Lucas diz do Baptista: «Ele caminhará diante dele com o espírito e a força de Elias» (Lc 1,17). Quem é para nós o profeta que nos prepara para acolher o Senhor? é a Palavra de Deus pregada. Quem prega o Evangelho é para nós Elias e o Baptista: «A sua palavra ardeu como uma tocha», diz o Eclesiástico. Todos somos convidados a não fechar os ouvidos ao Evangelho e a ouvir a Palavra e a não fechar os olhos para ver os “sinais de Deus”. Esperar no Senhor não é uma espera passiva, mas ir ao seu encontro ouvindo a Palavra de Deus e testemunhando o seu amor.