Evangelho (Mc 11,27-33) - Naquele tempo, Jesus e seus discípulos foram novamente para Jerusalém. E enquanto ele caminhava pelo templo, os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Com que autoridade você faz estas coisas? Ou quem te deu autoridade para fazê-las?”. Mas Jesus disse-lhes: «Só vos farei uma pergunta. Se você me responder, direi com que autoridade faço isso. O batismo de João foi do céu ou dos homens? Responda-me". Eles discutiram entre si, dizendo: "Se dissermos: 'Do céu', ele responderá: 'Por que então vocês não acreditaram nele?' ». Diremos então: “Dos homens”? Mas eles temiam a multidão, porque todos acreditavam que João era verdadeiramente um profeta. Respondendo a Jesus, eles disseram: “Não sabemos”. E Jesus lhes disse: “Nem eu vos direi com que autoridade faço estas coisas”.
O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia
É a terceira vez que Jesus entra em Jerusalém e caminha no templo, que agora se tornou o local habitual do seu ensino. Jesus não recebeu permissão para ensinar. É um “leigo”, no sentido de que não pertence a nenhuma linhagem sacerdotal. Os oponentes estão convencidos de que baseiam a sua autoridade na doutrina de Moisés. Mas em quem Jesus baseia a sua autoridade para afugentar os vendedores do templo, para pregar, para curar? Na verdade, esta questão esconde uma questão central, já suscitada na primeira pregação de Jesus na sinagoga de Nazaré. Tanto os habitantes de Nazaré como os líderes do povo recusam que Jesus tenha autoridade sobre o povo, muito menos sobre ele. Jesus – seguindo um método rabínico típico de responder a uma pergunta fazendo outra – pergunta-lhes: «O batismo de João veio do céu ou dos homens?». Aqueles sacerdotes, escribas e anciãos poderiam ter respondido com sinceridade. Mas eles tinham medo da reação da multidão caso desacreditassem a pregação do Batista. A pregação de Jesus é a continuação da do Batista, e a Palavra de Deus não pode ser silenciada, nem por cadeias nem por preconceitos. A Palavra não fala a quem não se prepara com o coração aberto para acolhê-la. Já em Nazaré, diante da total falta até mesmo da busca da verdade, Jesus não conseguiu fazer milagres.