1º Domingo do Advento
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Mc 13,33-37) - Naquele momento, Jesus disse aos seus discípulos: «Tenham cuidado, vigiem, porque vocês não sabem quando será a hora. É como um homem que partiu depois de ter saído de casa e dado poder aos seus servos, a cada um a sua tarefa, e ordenado ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois: não sabeis quando voltará o dono da casa, se à tarde, ou à meia-noite, ou ao canto do galo, ou pela manhã; Certifique-se de que, quando ele chegar inesperadamente, não o encontre dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: vigiem!

O comentário ao Evangelho editado por Monsenhor Vincenzo Paglia

Com os dias do Advento a Igreja quer preparar-nos para acolher o Senhor que nasce entre os homens. Estamos tão concentrados em nós mesmos e nas nossas coisas que corremos o risco de não perceber o Natal. Não o do calendário, mas o do coração. Sem o Natal permanecemos como somos, continuamos a girar em torno de nós mesmos. Façamos nossa a oração de Isaías: «Por que, Senhor, nos deixas desviar dos teus caminhos e deixas que o nosso coração se endureça, para que não te temamos? Volte pelo amor de seus servos... Se ao menos você rasgasse os céus e descesse!” (É 63,17,19). E ainda: «Retorna pelo amor dos teus servos!». Precisamos do Natal. O mundo inteiro precisa disso: os países esmagados pela guerra, os pobres, os fracos, as crianças. Os refugiados, os presos, os doentes, só os idosos precisam disso. Precisam dela aqueles que vivem nos grandes subúrbios das nossas cidades, que se tornaram verdadeiros desertos de amor e de vida. É fácil perder a sensação de espera quando você está preso ao seu próprio “eu”.
O tempo do Advento faz-nos levantar os olhos e abrir o coração para esperar no Senhor: “Tende cuidado, vigiai, porque não sabeis quando será o tempo” (13,33). Jesus nos pede para sermos como um porteiro que fica vigiando a noite toda para que o patrão não volte, bata na porta e o porteiro durma. Mesmo que seja noite - a noite de muitas situações tristes no mundo -, o porteiro deve vigiar e abrir assim que o patrão bater: pode acontecer à noite ou à meia-noite ou ao canto do galo ou pela manhã. É uma semelhança estranha, mas clara. É fácil adormecer no doce calor de pensar onde você pertence, porque já fizemos muito. Assim como é fácil ser surpreendido pelo sono um tanto triste do pessimismo, por aquela preguiça que faz com que não valha a pena fazer nada, ou mesmo pelo sono inquieto e sempre insatisfeito da autoafirmação. A Palavra de Deus nos desperta. É por isso que neste momento devemos ouvi-lo todos os dias. E particularmente na liturgia dominical.
A Palavra mantém-nos despertos como o porteiro do Evangelho, para que abra imediatamente a porta - a do coração mas não só - quando o Senhor bate: pode ser um irmão, uma irmã, um pobre, um estranho, um amigo que está passando necessidade e que talvez seja até chato. Cada vez é o próprio Senhor quem bate. A vigilância do discípulo, portanto, não é uma simples vigília ativa, mas acolhedora como estilo de vida.