A desculpa dos convidados
M Mons. Vincenzo Paglia
00:00
00:00

Evangelho (Lc 14,15-24) - Naquele momento, um dos convidados, ao ouvir isto, disse a Jesus: “Bem-aventurado aquele que se alimenta no reino de Deus!”. Ele lhe respondeu: «Um homem ofereceu um grande jantar e fez muitos convites. Na hora do jantar, mandou seu criado avisar aos convidados: “Venham, está pronto”. Mas todos, um após o outro, começaram a pedir desculpas. O primeiro disse-lhe: “Comprei um campo e preciso ir vê-lo; Por favor me perdoe". Outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; Por favor me perdoe". Outro disse: “Acabei de me casar, então não posso ir”. »Ao retornar, o servo relatou tudo isso ao seu senhor. Então o dono da casa, indignado, disse ao servo: “Saia imediatamente pelas praças e ruas da cidade e traga aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos”. O servo disse: “Senhor, foi feito como ordenaste, mas ainda há espaço”. O patrão disse então ao servo: “Sai pelas ruas e pelas cercas e força-os a entrar, para que a minha casa fique cheia. Pois eu lhes digo: nenhum dos que foram convidados provará o meu jantar.”

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Jesus compara o reino de Deus a um grande banquete, para o qual foram convidados numerosos convidados. Mas estes, quando os criados vão chamá-los, todos recusam o convite. Cada um tem a sua desculpa: o primeiro comprou um campo e tem que ir vê-lo, o segundo comprou duas juntas de bois e tem que experimentá-las, o último ainda tem que comemorar o casamento e é óbvio que ele não pode ir para lá. Entende-se que por trás das negativas há uma decisão clara por parte dos convidados: a escolha de dar prioridade aos seus compromissos e não o convite para participar do banquete. Aqui está o ponto central da parábola: o espaço que é dado na vida à escolha do Reino de Deus. Este último é o único verdadeiramente crucial para a nossa existência: é de facto a resposta à questão da amizade, da familiaridade, da intimidade que Deus dirige aos homens. Jesus, com esta parábola, recorda a sua prioridade. Sim, todo homem tem necessidade da amizade de Deus. É grande a responsabilidade de quem deve oferecê-la aos homens - e penso na missão da Igreja no mundo -, mas também é grande a responsabilidade de quem escuta o convite. decisivo, para que o aceitem. Quem já está cheio e cheio de si tem dificuldade em se desapegar das suas coisas. Mas aqueles que são pobres, fracos, desesperados acolhem mais prontamente o convite do servo (desta vez é apenas um servo, nomeadamente Jesus) enviado pelo patrão para encher a sala já preparada para o banquete. Estes últimos, verdadeiramente necessitados de alimento e de amor, vêm correndo assim que ouvem o convite. E a sala se enche de convidados. Jesus tinha dito: “Bem-aventurados vós, pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6,20).