Evangelho (Lc 19,45-48) - Naquele momento, Jesus, tendo entrado no templo, começou a afugentar os que vendiam, dizendo-lhes: «Está escrito: «A minha casa será casa de oração». Em vez disso, vocês transformaram-no num covil de ladrões." Todos os dias ele ensinava no templo. Os principais sacerdotes e os escribas procuraram matá-lo, e o mesmo fizeram os líderes do povo; mas eles não sabiam o que fazer, porque todo o povo estava pendurado nos seus lábios enquanto o ouviam.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Jesus, tendo entrado na cidade santa, dirigiu-se ao templo. Naqueles muros estava o coração de Jerusalém, o lugar da presença de Deus, onde a fé e a história de Israel se realizavam. Mas então o espírito do mundo, com os seus interesses no lucro e na riqueza material, também invadiu aquele espaço dedicado a Deus e à oração. Aquela casa tinha-se transformado verdadeiramente num mercado, num receptáculo de negócios e de compra e venda. Poderíamos dizer que o templo se tornou o emblema da condição do mundo: um lugar também escravo do materialismo, de uma vida entendida como mercado, como troca de mercadorias. Para muitos, ainda hoje, o que importa na vida é comprar e vender, comprar e consumir. E nada mais. A dimensão da gratuidade na vida parece ter desaparecido, ou até mesmo positivamente banida. A lei do mercado tornou-se a nova religião, com os seus templos, os seus ritos, os seus altares nos quais sacrificar tudo. Jesus, indignado com este espetáculo mesquinho e escandaloso, afugenta os vendedores gritando: “A minha casa será casa de oração”. A única relação verdadeira, a única que tem cidadania plena na vida, é o amor gratuito a Deus e aos irmãos que se torna espaço da presença real de Deus em cada cidade. Espaço para Deus deve ser criado no coração. Jesus expulsa os vendedores do templo e também afasta aquele espírito materialista presente em nossos corações. E ele nos anuncia novamente o Evangelho. O evangelista escreve que a partir daquele momento Jesus permanece no templo e começa a anunciar o Evangelho todos os dias. Aquele lugar – e esperamos que assim seja também para os nossos corações – torna-se novamente o santuário da misericórdia e do amor.