Evangelho (Mc 1,21-28) - Naquele tempo, na cidade de Cafarnaum, Jesus, tendo entrado na sinagoga num sábado, começou a ensinar. E eles ficaram maravilhados com o seu ensino, porque ele os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Então um homem que estava na sinagoga, possuído por um espírito impuro, começou a gritar: “O que você tem a ver conosco, Jesus de Nazaré? Você veio para nos arruinar! Eu sei quem você é: o santo de Deus." E Jesus o repreendeu: “Cale a boca! Saia desse homem." E o espírito imundo, despedaçando-o e clamando em alta voz, saiu dele. Todos ficaram cheios de medo, tanto que perguntaram uns aos outros: “O que é isso? Uma nova doutrina ensinada com autoridade. Ele até comanda espíritos imundos e eles lhe obedecem!”. Sua fama imediatamente se espalhou por toda a Galiléia.
O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia
Jesus, com a sua pequena comunidade de discípulos, entra em Cafarnaum, a maior cidade da Galileia na época. Ele a escolhe como sua casa e como centro do pequeno grupo de discípulos que reuniu. Ele não se retira para longe, fora da vida comum dos homens. O seu olhar – juntamente com o dos discípulos – estava voltado para toda a cidade, ou melhor, para toda a região. Portanto, deve-se afirmar daqui que é característico da comunidade cristã não se fechar em si mesma, mas ter o olhar voltado para a cidade como um todo, como uma “comunidade” de homens que o Evangelho deve fermentar com amor. A comunidade cristã não tem um projecto próprio a impor, mas tem a missão de introduzir a força do Evangelho no tecido de uma cidade. O evangelista observa que Jesus vai “imediatamente” à sinagoga e começa a ensinar. O primeiro “serviço” que a Igreja realiza na cidade é comunicar o Evangelho. Jesus não atrasa o anúncio. O que realmente importa é precisamente comunicar o Evangelho e com autoridade, isto é, com a autoridade do amor, como fez o próprio Jesus. Ele falou com autoridade e não como os escribas. O que isso significa? Significa que o Senhor tendia a tocar o coração das pessoas para mudá-las, para torná-las melhores, para fazê-las pulsar com aquela misericórdia que Ele mesmo experimentou. O Evangelho é uma palavra exigente: pede uma mudança de coração e transforma profundamente quem o acolhe. É por isso que todos que o ouvem ficam maravilhados. Jesus difere dos escribas: não diz apenas palavras, quer mudar a vida de quem o escuta. E ele imediatamente mostra que tipo de autoridade ele possui ao libertar um homem possuído por um espírito imundo. O Evangelho é uma palavra de autoridade porque não oprime. Pelo contrário, liberta homens e mulheres que ainda hoje estão possuídos pelos numerosos espíritos malignos que os escravizam.