Evangelho (Lc 11,27-28) - Naquele momento, enquanto Jesus falava, uma mulher da multidão levantou a voz e disse-lhe: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!”. Mas ele disse: «Bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam!».
O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia
O espanto perante a pregação de Jesus fez com que uma mulher no meio da multidão exclamasse: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!”. É uma passagem muito curta do Evangelho de Lucas. Mas, na sua imediatez, delineia qual é a dimensão central na vida do crente. Aquela mulher que elogiou Maria no meio da multidão quis expressar admiração por Jesus, mas também deu voz à maneira mundana de pensar que tudo acontece naturalmente. É uma tentação que se insinua muito facilmente também entre nós: é fácil acreditar que tudo depende do carácter de cada um, das condições sociais, em suma, da sua natureza, das suas capacidades, dos meios de que se dispõe. Não é assim. E Jesus corrige aquela mulher. A verdadeira bem-aventurança – diz Jesus – não consiste em deixar-se guiar pela espontaneidade, pelos instintos, pelas inclinações naturais ou pelo caráter que se possui, mas pela capacidade de escutar a Palavra de Deus. Por isso responde: «Bem-aventurados antes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam! A escuta e a vivência da palavra tornam-nos filhos de Deus e irmãos entre nós, aliás irmãos de todos os homens e mulheres: irmãos universais, como gostava de dizer Charles de Foucauld.