Vinho novo, odres novos
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Lc 5,33-39) - Naquele tempo, os fariseus e os seus escribas disseram a Jesus: «Os discípulos de João jejuam e oram frequentemente; assim também os discípulos dos fariseus; o seu, em vez disso, coma e beba! Jesus respondeu-lhes: “Vocês podem fazer os convidados do casamento jejuarem quando o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo lhes será tirado; então jejuarão naqueles dias”. Ele também lhes contou uma parábola: “Ninguém tira um pedaço de roupa nova para vesti-la em roupa velha; caso contrário, o novo irá rasgá-lo e o pedaço retirado do novo não caberá no antigo. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; caso contrário, o vinho novo romperá os odres, derramará e os odres serão perdidos. O vinho novo deve ser colocado em odres novos. Então ninguém que bebe vinho velho deseja o novo, porque diz: “O velho é agradável!”».

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

«Ninguém tira um pedaço de roupa nova para vestir uma roupa velha – diz Jesus –; caso contrário, o novo rasga-o e o pedaço tirado do novo não cabe no antigo.” Desta forma, o novo fica arruinado e o antigo não é reparado. E num símile subsequente Jesus observa que «ninguém deita vinho novo em odres velhos; caso contrário, o vinho novo romperá os odres, derramará e os odres se perderão”. Também neste caso o dano é duplo, tanto para o vinho como para os odres. As duas imagens ilustram de forma muito eficaz a novidade da mensagem evangélica: o amor de Jesus não pode estar contido nos esquemas ritualísticos dos fariseus nem na atitude externa de quem segue práticas rituais, mas permanece com o coração distante de Deus e dos outros porque está restrito a si mesmo. O Evangelho do amor tem uma força perturbadora que não pode ser contida pelo nosso egocentrismo, pela nossa preguiça, pelos nossos esquemas puramente externos, pelas nossas fórmulas com as quais às vezes até contrastamos o Espírito. O dom de Deus exige sempre um coração novo, isto é, um coração que se converte, uma mente que escuta e se deixa guiar pela sua Palavra. A obstinação nas próprias ideias e tradições torna-nos cegos e frios: faz com que nos amemos mais do que a novidade do Evangelho, a ponto de dizermos, precisamente, que “o velho é agradável”, isto é, sempre se prefere o próprio. eu e os próprios hábitos à novidade do Evangelho. O apóstolo Paulo – precisamente para vencer a tentação de se deter nas próprias tradições – escreverá aos Gálatas: o que importa é “ser nova criatura” (6,15). É de novos homens que nascerá um novo mundo.